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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Andar Do Bêbado - Como O Acaso Determina As Nossas Vidas

  O título é sugestivo, porém não retrata o conteúdo da obra. O "Andar do Bêbado", de Leonard Mlodinow discute, debate, mostra e comprova o quanto o acaso interfere em nossas vidas, sem ao menos nos dar conta disto.

  Pode parecer, num primeiro momento, que um livro científico e estatístico, seja massudo e enjoado. Pelo contrário, a obra é deveras interessante e tem aplicações, tanto na mesa do bar, como em exames médicos, indústria do cinema, jogos de azar, dentre outros.

 "Alguns anos atrás, um homem ganhou na loteria nacional espanhola com um bilhete que terminava com o número 48. Orgulhoso por seu feito, ele revelou a teoria que o levou à fortuna. "Sonhei com o número 7 por 7 noites consecutivas", disse, "e 7 x 7 é 48"

  O primeiro parágrafo de O Andar do Bêbado de Leonard Mlodinow dá um exemplo de quão grande é a nossa capacidade de abstrair a realidade em prol da nossa percepção da realidade.

  Se você acha que uma coisa é, então ela será, não importa que ela não seja.

  Entre os bons livros que tenho lido nos últimos tempos, esse é o que eu mais recomendaria, para um maior número de pessoas. Ao contrário do que prega Kardec, o acaso existe sim, e além de ser um fator determinante nas nossas vidas, é provavelmente o que menos pessoas conseguem entender.

  Mas Leonard consegue explicar sem nenhuma equação, em 90% do tempo sem nenhuma fórmula, ainda que use bastante números. Mas são números interessantíssimos e nada daquela chatice de dados e urnas (ainda que sim, esteja cheio de dados e urnas nos exemplos do livro).

  O maior desafio à compreensão do papel da aleatoriedade na vida é o fato de que, embora os princípios básicos dela surjam da lógica cotidiana, muitas das consequências que se seguem a esses princípios provam-se contraintuitivas. Que em qualquer série de eventos aleatórios, há uma grande probabilidade de que um acontecimento extraordinário (bom ou ruim) seja seguido, em virtude puramente do acaso, por um acontecimento mais corriqueiro.

 Outro ponto importantíssimo levantado por Leonard é a importância da quantidade de informações. Enquanto a falta pode levar à concorrência entre diferentes interpretações, o excesso pode diferenciar o vencedor. Se os detalhes que recebemos em uma história se adequarem à imagem mental que temos de alguma coisa, então, quanto maior o número de detalhes, mais real ela parecerá (isso porque consideraremos que ela seja mais provável, muito embora o ato de acrescentarmos qualquer detalhe do qual não tenhamos certeza a torne menos provável).

 Isso até me lembra o paradoxo de Zeno, sobre Aquiles e a Tartaruga, mas isso já uma outra história...

                                                                            os direitos autorais deste texto se devem à  Mauro Rebelo


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